quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sobre “O caçador de Pipas”

Enfim, terminei a leitura após cinco dias me perdendo por tantas descrições que o autor realiza. E, como deveria escrever algo para vocês, carreguei a obra para todos os lugares e percebi a paciência que a leitura me proporcionou. Sei que fiquei horas na fila do banco e demorei-me na espera de uma consulta, mas relevei por causa da minha distração.
Bem, com relação ao livro, achei de bom gosto a questão tratada pelo escritor sobre a dedicação na amizade e a maneira como ele prendeu a leitura ( a cada ato de desprezo pelo Hassan, a covardia de Amir, a frieza do baba, entre outros).
Havia muitos clichês, fielmente retratados pelo próprio personagem que admitia que eles eram de “precisão impressionante” (p.199) e, ainda na mesma página, “O problema é que a adequação das expressões-clichês é ofuscada pela natureza da expressão enquanto clichê”. Deixa ele, né? Não vou entrar nesse mérito de clichê, é muito clichê.
Gostei da tradução de Maria Helena Rouanet que nos deixou algumas expressões afegãs, como baba, Salaam alaykum, noor dos olhos (achei lindo, não sei o significado preciso, mas sei que é uma expressão de elogio). Como a traduziblidade é a aproximação da língua e não a certeza dela em outra cultura, apreciei a forma do livro.
No início, os nomes me pareceram muito confusos e de difícil assimilação, mas deu para pegar e me lembrar de todos, confesso que a do próprio autor...rsrs
Na edição especial que inclui a carta para os leitores, Hosseini escreve algo que compartilho: “ percebo a habilidade única que a ficção tem de conectar as pessoas, e vejo quão universal algumas experiências humanas são: vergonha, culpa, arrependimento, amor, amizade, perdão e redenção.” Certamente, a literatura exerce esta união, sem parecer piegas por isso, e sim porque realmente acredito que através dela possamos nos conectar, assim como pretendo fazer com este blog: unir conhecimento.
Parece demais ter duas obras iguais, mas essa com as ilustrações ofereceu-me alguns mapas que foram úteis para compreensão. Meu imaginário não alcançou a questão espacial. Tratar Talibã, Cabul, Afeganistão...para mim, só com mapa...rsrs
A cor da personalidade das duas crianças contrastava e ficava esperando alguma mudança de comportamento. Para o narrador “as crianças não são cadernos de colorir. Você não tem de preenchê-lo com suas cores favoritas”. P29 (do mais puro clichês para vcs.) as cores estavam bem definidas no começo. Ainda que o livro carregue a previsibilidade em alguns aspectos, sabemos do fim de Amir, ficamos ansioso quando se dará a mudança. Demorou!
Tentando interpretar a obra, finalizei com a seguinte compreensão (me provem que preciso pensar diferente): Hassan era um excelente caçador de pipas, pois sabia exatamente onde ela iria cair, assim como sua vida. Sabemos que sempre fora mais esperto que Amir, apesar do pouco estudo. Por sua vez, Amir empinava a pipa com a ilusão de que controlava sua vida, mas na obra notamos os ventos que desarticularam o garoto. A culpa não o deixava viver em paz e foi ela quem a fez mudar de atitudes e trazer consigo o filho de Hassan (que para mim é a alegoria da culpa perdida no Afeganistão). O bom mesmo é pegar a pipa que cai.
Não vou seguir o conselho do meu amigo Gustavo e lançar o livro do Cristo, mas lanço aqui o desafio de outras leituras.
Abraços.

3 comentários:

  1. Menina! joga do morro do Cristo que o vento tá a favor!!!

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  2. quem já leu O Caçador de Pipas, aconselho que leia também a Cidade do Sol, do mesmo autor, como sempre brilhante

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  3. Eu ainda não o li, mas estou curiosissima para o ler... amanhã vou comprá-lo!:)

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